17/04/2010
Dois chatos e um blog
Uma das melhores contribuições de Nelson Rodrigues ao rol das grandes frases é aquela máxima que diz que “se os filhos da puta voassem, nunca veríamos o sol”. Eu que, graças a Deus, não convivo com muitos dessa espécie, sofro com outra: os chatos. Se os chatos voassem, nunca conseguiríamos erguer a cabeça.
O PROBLEMA
O problema “chato” se divide em dois tipos: o do púbis e o do público. O primeiro incomoda mas é fácil se livrar dele (sem dizer que você provavelmente mereceu isso). O segundo, além de ser um caso de saúde, é um caso de polícia.
Os chatos se dividem em três grupos (não muito heterogêneos):
- O chato esporádico
- O chato temporário
- O chato profissional
O chato esporádico somos todos nós, ao menos uma vez na vida e em determinadas situações. Exemplos comuns: bêbados, endividados, doentes, fumantes, apaixonados.
O chato temporário é aquele que por sua condição atual é levado a ser uma pessoa maçante. Exemplos comuns: políticos em campanha, chefes, operadores de telemarketing, vendedores, bebês e crianças.
O chato profissional é aquele que nasceu e se criou como tal, de maneira que sua personalidade faz dele um pé no saco em tempo integral. Preencha aqui os nomes dos chatos profissionais que vivem perseguindo você: _______________________.
A CAUSA
Entretanto, independente de qualquer classificação, o que caracteriza uma pessoa chata é a deficiência ou falta de um hormônio. É isso aí, amiguinho: a sua chatice é um defeito químico-orgânico do seu cérebro.
A pessoa que é habitualmente maçante e ao longo dos anos construiu a indesejada fama de chato de galochas, na verdade sofre de uma doença muito comum, embora pouco diagnosticada. A doença, que já foi devidamente catalogada pela ciência moderna, é causada pela falta de uma substância conhecida pelo nome científico de caecus amicabilis. O nome popular dessa substância é simancol.
A SOLUÇÃO
Infelizmente, o caecus amicabilis não é encontrado na natureza, ele é produzido apenas por geração espontânea. Tentativas de sintetizar o simancol em laboratório se mostraram desastrosas, encontrando-se a ciência atualmente de mãos atadas. Por isso, quando alguém disser “fulano precisa de simancol” aceite que não há nada a fazer a não ser esperar um pequeno milagre.
A chatice é uma doença extremamente contagiosa e não depende de nenhum contato físico com um chato para ser transmitida, embora a presença de um doente possa potencializar a transmissão.
A única forma eficiente de prevenção ao chatismo é o medo, o medo de estar sendo chato. O medo de estar sendo chato automaticamente ativa a produção de caecus amicabilis, o simancol, no hipotálamo da pessoa.
CONCLUSÃO
Como dizia minha avó: “o que não tem remédio, remediado está”.
Referências bibliográficas
Para conhecer melhor a fauna dos chatos, leia o livro Tratado Geral dos Chatos, de Guilherme Figueiredo. Em tempo: o título do post é uma referência ao título do livro Dois amigos e um chato, do meu amigo Stanislaw Ponte Preta.