longe vai
longe vai

O que está acontecendo?

02/08/2010

Por que você quer acabar com as livrarias?

Quem trabalha no ramo livreiro, seja na indústria ou no comércio, vem sendo forçado a deixar clara sua posição em relação ao advento do livro eletrônico. É mais ou menos como estar no meio de um fogo cruzado e ter que pular pra um dos lados só pra levar menos chumbo.

Se você é a favor da libertação do livro em relação ao seu suporte milenar (sua majestade, o papel), então você também é a favor da evaporação de milhares de empregos na indústria do papel e do livro. Por outro lado, se você não abraça logo o mundo digital, é acusado de fazer corpo mole para a democratização da leitura e corre o risco de ser deixado para trás pelos concorrentes.

Sim, todos sabemos que o livro desprovido de suporte físico pode ser muito mais barato, além de ecológico e funcional. Em contra partida, sabemos também que muita gente depende dessa indústria antiga, sem falar que aí rola muita grana, como em tudo que envolve “arte”.

Mas e você leitor comum, que gosta de frequentar livrarias (e talvez sebos), você já parou pra pensar que quanto mais rápido acontecer essa transição, mais rápido desaparecerão as livrarias? Você quer o fim das livrarias?

A tradição construída através dos séculos deu a elas uma atmosfera especial e mágica. Uma livraria não é uma loja comum, você sabe. Uma livraria é uma espécie de centro comunitário, com um papel (sempre ele) importante na divulgação e promoção da leitura e da escrita.

Ver a mistura de capas e lombadas ilustradas e coloridas, as prateleiras e estantes alinhadas e abarrotadas de obras das mais diversas épocas e estilos, literalmente carregando as mais diversas histórias, é algo muito prazeroso para a maioria dos fãs da leitura.

Assim como estamos vendo agora a agonia e o fim do jornal impresso, talvez eu e você ainda estejamos aqui quando fecharem a última livraria. Talvez seja um grande evento televisionado, ou melhor, transmitido ao vivo em streaming via Internet.

Mike Shatzkin, no post que inspirou este, traça a linha de raciocínio seguida pelos grandes dinossauros da produção e venda de livros diante da revolução do e-book. Eles não podem fugir da obviedade de pautarem suas ações na concorrência e na competição comercial, deixando de lado os romantismos e preferências pessoais. Vale a pena ler o post dele para entender um pouco do jogo de xadrez das grandes empresas do setor.

Assim como Shatzkin, também sou dos que estão com os dois pés no mundo digital mas ainda tem a cabeça e boa parte do coração no mundo analógico. Não só por causa do business, mas porque é preciso perceber que o mundo é bom também porque existem livrarias e que, mesmo com todo o potencial do e-book, o mundo sem livrarias ficará mais pobre.