longe vai
longe vai

O que está acontecendo?

08/09/2011

Tablet Coby Kyros MID1024 – um review

Mesmo depois de resolver economizar pra poder comprar um iPad eu venho observando de perto os clones que surgem no mercado, desde os proclamados ipad-killers aos xing-lings mais toscos. Volta e meia fico uma tarde inteira garimpando na rede atrás de informações sobre os tablets que estão fazendo algum sucesso. Na minha última mineração encontrei o modelo MID 1024, um tablet de 10.1” lançado faz pouco tempo pela Coby.

COBY?

A Coby, cujo nome é uma abreviação maluca da palavra cowboy, é uma pequena marca coreana/americana que não copia a SONY nem na fonte do nome, só que ao contrário. Ela é conhecida no Brasil e nos EUA por vender de um tudo em matéria de aparelhos eletrônicos baratos.

É uma marca popular que orbita aquele espaço perigoso porém lucrativo que fica no limiar entre qualidade e preço (mas imagino que deva ser mais cuidadosa que a nossa querida brasileira Positivo). Também é interessante notar que, segundo a Wikipedia, a Coby é um fabricante OEM, ou seja, fabrica diversos produtos eletrônicos que levam o selo de outras marcas, como por exemplo, da Samsung.

Podemos dizer que é uma espécie de peixe-piloto que sabe aproveitar as oportunidades.

A Coby, ao contrário de marcas grandes, não ficou vergonhosamente empacada e embasbacada com o sucesso do iPad. Em 2010 logo caiu pra dentro na semeadura mundial de tablets.

Está indo bem ao oferecer vários modelos sob o codinome Kyros, todos a preços acessíveis e com qualidade equivalente, aliada a uma boa distribuição em lojas na Internet. Segundo Pedro Burgos do Meio Bit, pode mesmo ser que o tablet mais vendido no Brasil atualmente seja um Coby.

BOM BONITO BARATO

O Coby Kyros MID 1024 (MID significa Multimidia Internet Device) foi lançado entre 2010/2011 e por enquanto é o top da série. O que me atraiu nele foi a tela enorme, capacitiva e multitoque, e ainda vir recheado por um processador de respeito. Tudo por um preço atraente se comparado aos melhores tablets clones do iPad disponíveis hoje.

Bom, eu mandei o iPad às favas e comprei o Kyros. Fiz isso depois de bastante refletir e pesquisar, e baseado na esperança de que o Android vai bem também em telas grandes. Tenho isso pela experiência com o celular LG Optimus One, que de tablet tem tudo menos tamanho.

Claro que é só o que eu penso, eu que tenho pouco dinheiro pra gastar com esses brinquedos, mas já posso adiantar que paguei 1/3 do preço de um iPad num tablet que não faz feio perto dele.

Comprei o Coby Kyros MID 1024 na Eletronics Center, uma loja virtual de São Paulo que está no mercado há 7 anos. Houve um pequeno contratempo mas graças ao cuidado do pessoal da loja o tablet acabou chegando dentro do prazo.

DIFERENCIAIS DO COBY KYROS MID 1024

Bom, deixando de lado agora esse ipad wannabe, o que torna o Kyros um bom tablet? Se você conhece mais ou menos o que existe hoje, sabe que nesse mar de opções são poucos que sobressaem com bom desempenho e qualidade aliados a um custo/benefício minimamente justo. Penso que esse modelo esteja dentre esses.

Características que fazem a diferença:

Características não tão legais e remendos:

Veja aqui um comparativo entre o Coby Kyros MID 1024 e o Samsung Galaxy Tab 7”. Para mais detalhes técnicos, consulte o manual em pdf disponível aqui.

E antes de mais nada, uma apresentação em vídeo:

Pegadas, botões e conexões

As primeiras coisas que se notam são o tamanho e o peso do gadget. Como imagino que também aconteça com iPads, alguns minutos são suficientes para cansar o braço inteiro ao segurá-lo com uma só mão. O comprimento de absurdos 26,5 cm complica o equilibrio dos 680 gramas, mesmo estando bem distribuído no corpo. Parece que é feito para idealmente ser portado com as duas mãos, em paisagem. A posição da webcam e do microfone indicam isso.

Pra você ter uma ideia melhor, veja o Kyros 1024 ao lado de um iPad 2:

O Kyros é um tablet espesso, cor de chumbo com detalhe prata em toda borda, o acabamento é satisfatório e a robustez também, mas ao pegar pela borda alguns estalinhos podem ser ouvidos. Imagino que não seja preciso um tombo muito feio para fazê-lo dormir pra sempre.

Botões? Vários. Olhando na posição retrato, temos o volume na lateral do topo, power na lateral direita embaixo. Na frente embaixo os comandos comuns em dispositivos Android, mas um pouco diferentes: Browser, Menu, Home (que se parece com um CD em miniatura), Voltar e Pesquisar. Interessante que esses botões estejam voltados para serem vistos no sentido paisagem. O botão browser abre o navegador (dã!), irritantemente sempre o nativo a despeito do meu esforço em configurar para abrir o Dolphin.

Os botões frontais, excetuando-se o Home, são de tato, não de pressão, e são bem sensíveis. Sensíveis até demais: não esbarrar a toa no botão Voltar pode ser difícil quando você estiver segurando o tablet em modo paisagem.

Na lateral de baixo estão alinhadas todas as conexões: saída mini HDMI, botão reset, conector da fonte 9V, mini USB, saída de fones de ouvido padrão P2 e slot de cartão de memória micro SD.

Ponto negativo para o manual do usuário que peca gravemente ao mostrar a posição de colocação do cartão SD de forma errada e para o slot que deixa o cartão inserido com uma bem pequena mas preocupante sobra para fora.

A webcam simples, pra não dizer ruinzinha, de apenas 300k, está localizada próxima ao microfone, na lateral direita.

Toques e tela

Usei o app Multitouch Visible Test e comprovei por mim mesmo que a tela é capacitiva e multitoque (pelo menos dez, não tentei usar os dedos dos pés). A resposta é suficientemente rápida e precisa, posso colocar no mesmo nível do celular LG Optimus One.

Um porém fica para a regulagem de brilho, que é um pouco estreita e não tem a mesma força máxima igual a do celular. Em ambientes semi abertos e com sol alto você pode ter algum problema.

O ponto negativo fica mesmo para a resolução da tela. Lastimável em comparação com o Galaxy Tab 7”, que tem o mesmo processador mas uma tela bem diferente. O Kyros tem quantidade menor de Pixels Por Polegada – PPI, que é de 118 ppi distribuídos em 10.1”, enquanto que no Galaxy são 170 ppi distribuídos em apenas 7”.

Um palmo entre seu nariz e a tela são suficientes para que os pixels fiquem distinguíveis. Mas obviamente não é assim que você vai usá-lo, a distância média é de uns 2 palmos já que o gadget é grande, e nesse caso o picote das imagens não é notável. De modo geral posso afirmar que a experiência visual não é excelente mas esta longe de ser incomoda ou ruim.

Games, vídeos e som

Pela importância que o par de falantes recebeu no “design” da parte traseira, esperava-se um som mais potente. Não é o que ouvimos ao por uma música ou vídeo pra tocar. O volume mesmo no máximo pode ser insuficiente se você estiver num lugar com muito ruído ambiente. A qualidade também é sofrível, mas é algo relativamente comum em dispositivos móveis. Nos fones que acompanham o tablet o som é tão ruim quanto os próprios. São fones ordinários de R$ 1,99. Que vergonha, dona Coby! A saída é usar o seu par de fones preferido, simples.

Jogos casuais, tradicionais da plataforma Android, rodam tranquilamente. Vídeos, idem. Ele vem com o famigerado e polêmico Flash embutido, que torna possível o uso de vários recursos da web. Também existe um app nativo para acesso ao YouTube e um para leitura de ebooks, o Aldiko.

O acelerômetro não tem lá muita precisão como o do LG Optimus One, mas parece ser suficiente para o uso geral. Veja aqui um vídeo que mostra alguns games rodando no Kyros MID 1024.

Leitura e escrita

A tela grande ajuda muito na leitura, o que, na minha opinião, aliado a um tamanho adequado da fonte e regulagem do brilho, permite uma leitura bastante confortável. Programas dedicados a isso não faltam para Android. Uma observação: a tela do Kyros MID 1024 tem mais que o dobro de tamanho da tela do Positivo Alfa.

Escrever usando o teclado virtual é excelente, principalmente usando-se um app plugin chamado Hacker's Keyboard, que acrescenta funções que deixa o teclado muito parecido aos reais.

Também existe o interessante recurso de se conectar um mouse e teclado na porta USB. O adaptador que acompanha o tablet vem com apenas um slot. Com um pequeno hub USB, é possivel usar mouse e teclado ao mesmo tempo. Testei apenas o mouse. Fiquei espantado ao ver surgir uma pequena seta na tela do meu tablet. Gostei, apesar de não ver muito uso pra isso no momento e crer que a luz do mouse deve com certeza sugar rapidamente toda a bateria do Kyros.

Por falar em bateria, não fiz nenhum teste no sentido de avaliar a autonomia, mas tenho a impressão de que é próximo ao especificado no manual. Assim é fácil, hein?

Finalmente, para quê serve um tablet, ou melhor, esse tablet?

Não sei como foi, mas imagino que os caras lá na Coby que conceberam o projeto desse tablet (se isso existe fora da Apple) buscaram criar um tab com vocação para consumo doméstico de mídia via web, daí o nome da série Multimidia Internet Device.

A tentativa de alto-falantes estéreos, o formato widescreen da tela e o botão específico para abrir o browser, mostram isso. A ausência de GPS, 3G e bluetooth podem indicar preocupação com a duração da bateria, lembrando que não são importantes quando a intenção é tão somente jogar joguinhos casuais, ouvir música, eventualmente ler e principalmente assistir vídeos. Se esse era o plano, penso que o objetivo foi alcançado. Com algumas ressalvas, claro.

O Kyros MID 1024 é um produto barato e oferece recursos honestos. Nesse mercado atualmente tão complicado, para um formato que ainda nem convenceu a todos de sua utilidade, esse é um diferencial decisivo para alcançar algum sucesso.