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O que está acontecendo?

04/12/2011

A liberdade é verde e o céu é azul

"Liberdade é liberdade, não é igualdade, ou equidade, ou justiça, ou cultura, ou felicidade humana, ou uma consciência tranquila." — Isaiah Berlin

Difícil encontrar quem não goste de cães. O comum é ter medo de algumas raças, como Pitbull e Rottweiler, mas não gostar é coisa bem rara. Cães são animais sociais e tem suas vidas pautadas pelo relacionamento com os humanos. São o símbolo máximo de fidelidade e companheirismo. É talvez a parceria de maior sucesso entre homem e animal.

Hoje temos um fenômeno social muito comum que é tratar de cães como se fossem filhos. Inclusive os produtos e serviços para animais de companhia estão no auge. Eu fiquei perplexo recentemente ao descobrir que existe até refrigerante pra cachorro.

Por outro lado…

Essa semana, recebi o link de um vídeo mostrando a primeira vez que alguns cães da raça beagle sairam das gaiolas ondem viviam e tomaram contato com o nosso maravilhoso mundo. Eles foram libertados após a falência do laboratório de pesquisas onde eram cobaias.

Nunca viram a luz do sol e nunca pisaram a grama desde que nasceram.

Segundo a Wikipedia, Beagles são cães inteligentes, de boa compleição, têm bom temperamento e todas as demais características que o fazem uma ótima opção como mascote e também a raça canina perfeita para testes laboratoriais.

Eis o fato: Beagles são populares entre laboratórios de pesquisa por serem dóceis, amigáveis, baratos de se manter, adaptarem-se bem a vida em gaiolas e perdoarem com facilidade.

O vídeo é bonito e viralizou. Toda a ação foi gravada e realizada pelos membros da Beagle Freedom Project, uma ONG estadunidense dedicada especificamente a dar apoio a cães dessa raça que, por algum motivo, recebem carta de au-au-forria (não pude evitar, perdoe) de laboratórios onde estão confinados.

Essa não é uma daquelas ONGs de desocupados que, na falta de louça pra lavar, resolvem sair por aí barbarizando pobres empresas e laboratórios inocentes. Ela faz sua parte ajudando esses cães a terem uma vida melhor daí pra frente, tudo de maneira legal e ordeira, como todos gostamos.

São cães que não aprenderam a ser cães. Mal sabem andar, desconfiam da grama que nunca pisaram. Talvez nunca superem as sequelas da vida que levavam.

Veja o vídeo aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=zLZMxRP_F5w

Difícil não ficar tocado ao assistir isso. Ver um ser vivo feito para correr tendo contado com o mundo pela primeira vez depois de anos é impressionante.

Mais impressionante ainda é saber que esses animais tão meigos eram (e tantos ainda são) usados como cobaias para testes de produtos alimentícios, cosméticos, de higiene, limpeza etc.

Mesmo deixando de lado o fato de serem prisioneiros sem culpa, de viverem vidas podadas e miseráveis, os testes realizados podem ser bem cruéis. A ciência avança, mas a que preço?

Tanto pessoas fora do meio acadêmico quanto cientistas, principalmente em se tratando da vivisecção mas não só, estão divididos em três grupos, dois grandes e um bem pequeno: os que validam o uso, os que defendem uma racionalização do uso (redução, refinamento e eventual substituição) e os que lutam pela abolição imediata e irrestrita.

Em que grupo você está?

A grande maioria das pessoas não pára pra pensar nisso. Essa falta de esclarecimento e ignorância principalmente sobre o que é consumo consciente acabam financiando essa merda todo esse sistema.

Um sistema bizarro em que você compra para seu cão produtos que foram testados cruelmente em outros cães. Parece que caímos naquela: todos os beagles são iguais mas alguns são mais iguais que outros.

Se você nunca pensou nisso e quiser ver o outro lado, assista o vídeo abaixo. Ou não assista. A escolha é sua, sabendo ou não o que está em jogo. Não querer saber é também um direito, afinal somos livres, não é?

http://www.youtube.com/watch?v=88kMJXphN0k

Para algo mais completo, assista o documentário: “Não matarás – Os animais e os homens nos bastidores da ciência”.