23/04/2013
Interface de áudio Roland Tri-capture UA 33 - um review
Todo o disco do supercaras foi gravado usando uma placa de som Creative Sound Blaster Audigy, uma placa básica e barata que obviamente possui limitações, mas boa o suficiente para servir ao propósito na época. Infelizmente essa placa não possui compatibilidade total com o Windows 8, que é o sistema operacional que uso atualmente, então me vi obrigado a procurar uma solução mais atual.
Depois de muito pesquisar e contar minhas moedas, cheguei ao modelo cujo review apresento abaixo.
Uma interface de áudio externa ao invés de uma placa PCI
Existem excelentes sistemas profissionais de captura de som que usam placas PCI mas, se pensarmos em uso amador e doméstico, um modulo externo que se conecta via USB oferece a vantagem de uma vida útil maior, mais versátil e portátil, podendo ser usada em mais de um PC ou laptop.
Dentre as várias opções de interfaces Roland, a UA-33 fica num meio termo entre as básicas e os modelos top. Ela possui três tipos de entrada de sinal:
- 1 entrada XLR de microfone (comum ou dos que usam alimentação de 48 volts);
- 1 entrada P10 para guitarras e similares (com opção de impedância baixa ou alta);
- 1 par RCA para entrada estéreo auxiliar (para linha de outros equipamentos como, por exemplo, um mixer).
Também é interessante notar as opções de monitoração: uma saída par P10 balanceada e outra para fones de ouvido.
O diferencial desse modelo é o formato mesa e a presença de controles independentes de sinal, ou seja, botões de volume para cada entrada, o que torna seu uso muito indicado para streamings e podcasts. Se você quer montar uma webrádio, esse brinquedo é uma mão na roda.
No painel estão quatro knobs: três para as entradas de sinal e um para o volume dos fones. Acima do knob de microfone fica o botão que liga o Phantom Power, fornecendo 48 volts para microfones condensadores. É importante cuidar para não ligar essa função quando se está usando um microfone dinâmico comum.
Há um botão para escolher entre três modos de uso (que descrevo logo abaixo), um para desligar a saída de monitor e outro para mutar as três entradas.
Acima do knob de instrumentos (guitarras, violões etc) fica o botão que muda a impedância dessa entrada. O manual não conta isso, mas no caso de guitarras, baixos ou violões elétricos com captação ativa, o botão Hi-Z deve ficar desligado.
Sonar, um soft profissional pra chamar de seu
O disco do supercaras foi gravado e mixado usando o software Cakewalk Sonar. E olha só que bacana: assim como todas as outras interfaces da Roland, a UA-33 vem com o excelente Sonar X1 LE para Windows. O custo benefício é considerável posto que o software sozinho custa cerca de 50 dólares. Acrescentando alguns bons plugins freewares é possível obter resultados profissionais sem gastar mais nada.
Modos de uso
A interface oferece três sets de modo de gravação próprios para determinados usos:
- Mic/Guitar - grava usando o canal esquerdo para a entrada 1 e o canal direito para a entrada 2. O sinal da entrada 3 não é monitorado ou gravado e o do computador é monitorado mas não gravado. É o set básico para começar um projeto qualquer no Sonar.
- All Input - mixa as entradas 1, 2 e 3 no centro do panorama estéreo. Nada deve ser ligado as entradas 1 e 2 se for o caso de gravar apenas o que vem pela entrada 3. Nessa configuração o áudio executado pelo computador não é gravado. Esse é o set correto para capturar o som estéreo de uma pickup, mixer, teclado, fazer karaokê, treinar solos etc. Lembrando que a faixa gravada pelo Sonar não será separada em dois canais mas sim uma única em estéreo.
- Loop Back - a mesma coisa que a opção All Input porém incluindo o som executado no computador. Esse set não funciona caso o modulo esteja regulado para trabalhar com sample rate em 96kHz. É o set ideal para webradios, streaming ou captura de áudio da Internet.
Full duplex, sample rate e qualidade de áudio
Em se tratando de placas de áudio, full duplex é a capacidade que elas tem de processar a entrada e a saída simultaneamente num determinado sample rate (taxa de amostragem), que por sua vez é a amplitude de frequência padrão do áudio digital. A maior parte das placas é capaz de reproduzir o som com um sample rate suficientemente alto, porém quando se exige isso simultaneamente a uma gravação, as coisas se complicam e não são todas que oferecem um bom resultado.
No processamento de áudio profissional, um sample rate alto na gravação e na reprodução é algo importante. Essa interface da Roland oferece até 96kHz mas não em fullduplex, ou seja, é possível reproduzir ou gravar com esse sample rate mas não as duas coisas ao mesmo tempo. Em termos simples: usando 96kHz você grava sem retorno ou reproduz apenas o que já está gravado. A melhor opção acaba sendo mesmo regular para 48kHz.
O ponto negativo fica justamente no modo como essa regulagem é escolhida. Ao invés de ser via software, ela é feita via clipware ou pontadecanetaware, por dois seletores de difícil acesso na parte de baixo do aparelho. Num deles você escolhe entre 44.1, 48 ou 96 kHz, sendo que neste último surge a necessidade de escolher entre Rec ou Play no seletor ao lado.
Tirando esses pequenos detalhes, a interface tem seu charme e uma boa relação custo/benefício, sendo eficiente para uso não muito exigente e oferecendo resultado satisfatório.
Concluindo, deixo um teste prático.
Fiz um vídeo usando essa interface e gostei bastante do produto final. Captei o som com um microfone Leson SM58 velho de guerra, violão eletrificado ligado na entrada 2. Tudo gravado e mixado no Sonar X1. Áudio sincronizado com o vídeo usando o indefectível Windows Movie Maker. Veja aí e dê um joinha se gostar!
https://www.youtube-nocookie.com/embed/zHyu6fJnluY